Amo uma história narrada nas Escrituras que nos fala de um homem, humano demais, como eu e você, desesperado diante de seus limites e da incapacidade de libertar o seu filho, oprimido e atormentado por um espírito maligno.
Em seu desespero, o tal homem vai ao encontro de Jesus e prostrado diante dEle roga-lhe:
‘Mestre, eu te trouxe o meu filho, que está com um espírito que o impede de falar. Onde quer que o apanhe, joga-o no chão. Ele espuma pela boca, range os dentes e fica rígido. Pedi aos teus discípulos que expulsassem o espírito, mas eles não conseguiram’. (Mc 9.17,18)
O relato daquele pai frustrado causa tamanha indignação em Jesus que ele profere esta dura exortação: “Ó geração incrédula, até quando estarei com vocês? Até quando terei que suportá-los? Tragam-me o menino”. (Mc 9.19)
Diz a Palavra que eles o trouxeram e quando o espírito viu Jesus, imediatamente causou uma convulsão no menino que caiu no chão e começou a rolar, espumando pela boca. O pai explica que desde a infância o espírito atormenta o seu filho, muitas vezes lançando-o no fogo e na água para matá-lo. E, então, mais uma vez, tomado pelo desespero, suplica ao Senhor: “Se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. ” (Mc 9.22)
“Se podes? ” Jesus lhe assegura: “Tudo é possível àquele que crê.” (Mc 9.23) E ao ouvir suas palavras aquele homem, humilhado, mas ainda assim, bastante autêntico, implora: “Creio, ajuda-me a vencer a minha incredulidade! “ (Mc 9.24)
Noutra versão ele afirma crer ao mesmo tempo em que suplica: “Vem em socorro à minha falta de fé.”
Percebo-me tantas vezes como aquele homem. Em meu desespero vou a Jesus com a pequenez da minha fé que compromete a minha percepção de quem Ele é e de Seu poder. E, então, apresento-lhe minha medíocre oração:
“Senhor, se tu podes…”
Se tu podes? Foi após essa mesma indagação que Jesus pronunciou a expressão, talvez a mais amada, citada e repetida por nós cristãos:
“Tudo é possível ao que crê!”(Mc 9.23)
É diante dela que aquele pai, imagino eu, agora sofrido e constrangido, reconhece crer, mas paradoxalmente, afirma precisar da ajuda divina em sua falta de fé.
Amo a humildade daquele homem. Amo a sua autenticidade e também a sua ousadia. Ainda que não carregasse em si as certezas que muitos dizem possuir, na realidade ignorando o poder daquele que proveria o impossível, ainda assim, ele vai ao seu encontro, apresenta-lhe a sua dor, suplica por um milagre.
Sabe o que lhe aconteceu? Jesus em sua incomensurável graça, apesar da fé limitada daquele homem, movido por compaixão e misericórdia, repreendeu o espírito imundo:
”Espírito mudo e surdo, eu ordeno que o deixe e nunca mais entre nele.” (Mc 9.25) – Ordenou Jesus com autoridade e poder.
As Escrituras nos contam que o espírito gritou, agitou o menino violentamente e saiu. Ele ficou como morto, a ponto de muitos dizerem: “Ele morreu”.
Mas Jesus tomou-o pela mão e o levantou, e o menino ficou em pé. (cf. Mc 9.25-27)
Mas Jesus tomou-o pela mão e o levantou, e o menino ficou em pé. (cf. Mc 9.25-27)
Glória a Ti Senhor!!!
Esse é um dos poucos milagres em que, ao final de sua realização, Jesus não afirma: “Vai a tua fé te salvou”. Ainda assim, apesar da pouca fé daquele homem, sua atitude de ir ao encontro de Jesus, de rogar e suplicar por um milagre, permitiu-lhe contemplar o milagre que há tanto ansiava: a libertação de seu filho.
Por isso, amo tanto esse texto. Sei que apesar da pequenez da minha fé, sempre que ousar orar, clamar, suplicar pela intervenção do meu Senhor, contemplarei a Sua ação em meu favor. Experimentarei o seu agir e o fluir do Seu poder.
Já pensou o que poderíamos experimentar se não fôssemos tão incrédulos?
Ah! Que o senhor aumente a nossa fé, pois, segundo nos ensinou o próprio Deus encarnado, tudo nos será possível desde que creiamos.
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