Uma pessoa falou comigo dizendo o seguinte: “Eu não sei o que acontece comigo! Eu não consigo me relacionar com outras pessoas e quando estou diante de alguma situação difícil, fico paralisado! O que será que está acontecendo? Eu não era assim, eu lutava, eu era forte, eu brigava pela vida, eu costumava sonhar... Agora, só tenho desespero, insegurança, medo, pavor e em qualquer situação eu entro em pânico! Uma outra coisa que me acontece, é que não tenho mais vontade de fazer a vontade de Deus; isto é, tenho medo de me envolver em alguma atividade da igreja, pois me sinto incapaz de ajudar outras vidas. Já tentei ser uma pessoa diferente, alegre, cordial, espiritual, mas não consegui manter esse estilo de vida – desanimei! Já pedi que orassem por mim, mas não estou conseguindo superar essa minha dificuldade.”
O que será que levou essa pessoa a esse estado de alma? Conversando com ela descobri que havia feridas em seu interior – havia mágoas que precisavam ser curadas. A primeira coisa que procurei fazer foi mostrar-lhe, que pessoas que andaram com Deus também sofreram os mesmos sintomas, e que a Bíblia mostra caminhos para a solução para esse tipo de conflito. É possível que haja alguém em nosso meio sofrendo com esse tipo de trauma e se não há, melhor; mas, possivelmente você conhece alguém que está lutando com esse problema. O salmista disse: 2 Tem compaixão de mim, pois me sinto fraco. Dá-me saúde, pois o meu corpo está abatido, 3 e a minha alma está muito aflita. Ó Deus, quando virás me curar? (Salmos 6:2-3 BLH) A aflição tem uma origem externa – uma situação, ou uma circunstância. Quando começamos a pensar mal sobre o que estamos sofrendo, corremos o risco de trazer conseqüências desagradáveis ao nosso ser interior como, fraqueza, doenças de fundo nervoso, depressão e abatimento. Jesus faz um convite às pessoas que se sentem sobrecarregadas: Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. (Mateus 11:28 NVI) 1. É possível que haja muitas cicatrizes em cada um de nós. Elas podem ser provenientes de memórias do passado, de palavras que ressoam em nosso interior, ressentimentos , de ações que reconhecemos que foram erradas ou até de julgamentos que sofremos. Vejamos como nossas lembranças e pensamentos sobre o que sofremos podem afetar a nossa vida: 17 Já não sei mais o que é paz e me esqueci do que é felicidade. 18 Não tenho muito tempo de vida, e a minha esperança no Deus Eterno acabou. 19 Eu me lembro da minha tristeza e solidão, das amarguras e dos sofrimentos. 20 Penso sempre nisso e fico abatido. (Lamentações 3:17-20 BLH) Nestes versos noto algumas coisas: • A falta de paz interior e a idéia errada do que é felicidade. • A pessoa fica mergulhada em suas amarguras e não consegue desenvolver sua vida. • Parece que houve um abandono da parte de Deus. A pessoa sofre uma tendência para desistir d’Ele, ou não querer mais se envolver com Seus planos. • A mente não pensa em outra coisa, a não ser em seus conflitos ou experiências negativas. • O resultado final é a depressão e o desânimo. Na maioria das vezes, as pessoas procuram meios errados e ilícitos para fugir dessa agonia. 2. Muitas vezes essas feridas ficam escondidas atrás de uma nova personalidade, um novo hábito, drogas, sexo, álcool, etc. Sempre que confrontamos algum tipo de evento parecido a alguma ferida que possuímos, ela é reaberta. Muitas vezes as pessoas assumem personalidades e comportamentos, que não representam na verdade a si mesmos. Por fora expressam uma vida vitoriosa, tranqüila e pacífica, até que se deparam com situações que despertam as feridas em suas almas, então o interior delas se decompõem. Há pessoas que “adotaram” o cristianismo (ou qualquer outra religião) apenas como um hábito religioso em suas vidas, para tentar “abafar” suas mágoas e não para “vencê-las” com a ajuda de Deus. Jesus sabia enxergar esse princípio de vida e nós precisamos enxergar também. Jesus tinha compaixão pelo lado humano das pessoas e antes de tentar mostrar as verdades dos céus a elas, Ele primeiramente se condoia ou demonstrava empatia pelas necessidades psicológicas que enfrentavam. Depois Ele dava o remédio espiritual. Em suma, Jesus fazia o diagnóstico, mostrava os exames e depois dava o remédio – os princípios do Evangelho e o poder do Reino de Deus. Quero citar um exemplo de uma história bíblica que é conhecida pela maioria dos que estão aqui. É a história de José e de seus irmãos. José era o filho mais novo de Jacó e por esta razão, era tratado de um modo mais especial – era o tipo do filho temporão. Ele tinha um grave defeito – era um delator. Ele gostava de dizer a seu pai o que seus irmãos faziam de errado, e isso criava sérios problemas de relacionamento entre eles. Deus tinha um plano muito grande para José, porém ele e seus irmãos, não conseguiam imaginar o tamanho desse plano. Um dia, seus irmãos tiveram a idéia de matá-lo, mas um dos irmãos implorou para que não fizessem isso. Em reunião, decidiram vendê-lo a uma caravana que passava pela região e assim fizeram. Essa caravana, por sua vez, vendeu José como escravo aos egípcios. Os irmãos de José mataram um animal e banharam de sangue as roupas de José, a fim de dizer a Jacó que um animal do campo o havia atacado e ele havia sido morto. Muitos anos à frente, uma seca terrível assolava todas aquelas terras e ficaram sabendo que no Egito havia abundância de comida, porém eles não sabiam e nem imaginavam, que seu irmão José fora abençoado por Deus no Egito se tornando Primeiro-Ministro daquele país. Para encurtar a história, eles resolveram ir ao Egito para conseguir mantimentos e lá se encontraram. Quando se conheceram as feridas foram reabertas de ambos os lados – tanto de José como de seus irmãos. Vejamos: (...) De fato, nós agora estamos sofrendo por causa daquilo que fizemos com o nosso irmão. Nós vimos a sua aflição quando pedia que tivéssemos pena dele, porém não nos importamos. Por isso agora é a nossa vez de ficarmos aflitos. (Gênesis 42:21 BLH) José saiu de perto deles e começou a chorar. (...) (Gênesis 42:24 BLH) Você percebeu com as feridas foram abertas de ambos os lados. Os irmãos de José ficaram aflitos e abatidos. José por sua vez, foi a um lugar solitário para chorar. José poderia ser vencido pela ira punindo seus irmãos, sem entender o plano de Deus para a sua vida. Seus irmãos, poderiam tentar fugir e continuar com um vazio interior profundo de um erro do passado, além de morrerem de fome e a nação que geraria Jesus Cristo se extinguiria. Graças a Deus que essa história não terminou assim, mas foi banhada pela misericórdia de Deus. José entendeu que tudo o que lhe havia acontecido, fazia parte de um plano celestial permitido por Deus, que sofresse o que sofreu no passado. Ele entendeu que Deus permitiu o mal para causar o bem. Por que alguém está no mundo das drogas, da bebedeira, da prostituição ou com uma personalidade tão instável? Nem todas as pessoas são sem pudor. Muitos se envolveram em uma vida desregrada, devido a feridas que se instalaram em seu interior e não souberam como superá-las, mas não querem mais viver dessa forma. Deus pode ajudar por meio de Seus princípios e da vida da Sua Igreja a recuperar essas pessoas, desde que elas queiram que Deus trabalhe em suas vidas e passem a entender quais os planos divinos para suas vidas. Este é às vezes um processo lento de descoberta, de transformação interior e uma mudança do modo de encarar a vida. 3. Não haverá cura em nosso exterior, se o nosso interior não for curado. Admita que a ferida existe, que está ativa e influente. Tome uma decisão de entregar-se a Deus, mas de uma forma verdadeira – não com a máscara da religião! Jó admitiu sua amargura: Mas, se falo, a minha dor não se acalma, e, se me calo, o meu sofrimento não diminui. (Jó 16:6 BLH) O salmista admitiu a presença de um conflito interior, que ele estava ativo e influenciando sua vida de modo negativo. Ele toma uma decisão de colocar sua vida nas mãos de Deus: Por que estou tão triste? Por que estou tão aflito? Eu porei a minha esperança em Deus e ainda o louvarei. Ele é o meu Salvador e o meu Deus. (Salmos 42:11 BLH) Deus tem compaixão de cada um de nós, mas isto não quer dizer que Ele tem o direito de nos ajudar. Você pode ter pena de alguém que está numa situação miserável e só poderá ajudá-la, se ela e sua família permitir. Deus só pode levantar quem quer ser levantado. Deus só pode ajudar quem quer ser ajudado por Ele. Quando uma pessoa entrega sua vida a Deus, com toda a certeza experimentará a fidelidade do Senhor sobre ele. É importante crer em Deus e essa importância aumenta, quando a pessoa permite a ação de Deus em sua vida mudando a sua maneira de pensar. Vejamos: 21 Mas a esperança volta quando penso no seguinte: 22 O amor do Deus Eterno não se acaba, e a sua bondade não tem fim. 23 Esse amor e essa bondade são novos todas as manhãs; e como é grande a fidelidade do Deus Eterno! 24 Deus é tudo o que tenho; por isso, confio nele. 25 O Eterno é bom para todos os que confiam nele. 26 O melhor é ter esperança e aguardar em silêncio a ajuda do Deus Eterno. (Lamentações 3:17-26 BLH) Estas palavras são do grande profeta Jeremias. Ele era um homem com fortes tendências a deprimir-se. Sua mente constantemente estava pensando na ingratidão das pessoas para com ele, nos julgamentos que sofreu, sendo até jogado no esgoto pelos seus próprios irmãos na fé, chegou a dizer para Deus que fora iludido ou enganado por Ele; enfim, quase sua vida acabou devido a seus pensamentos e à sua falta de visão do que ele representava para Deus e este mundo. Mas, numa introspecção cuidadosa ele conseguiu recuperar a luz, que ele mesmo estava apagando e perdendo – a luz de Deus em sua vida. Ele continuou a viver e superou suas crises e num determinado instante de sua vida, deixou-nos esta maravilhosa lição em suas palavras. Atentemos para uma coisa muito séria: Deus na maioria das vezes, não irá impedir de que sejamos feridos, mas impedirá, se confiarmos n’Ele, que sejamos destruídos! Deus nos dará sempre a oportunidade de nos levantarmos do pó, vencendo a nós mesmos primeiramente, para depois, sermos instrumentos Seu para abençoar até mesmo aos que nos feriu. Isto é misericórdia – resultado da graça e do Espírito Santo em nossas vidas. A nossa maneira de pensar determinará a nossa conduta. Se pensarmos com os pensamentos do “alto”, agiremos como instrumentos de Deus; mas, se pensarmos de um modo terreno, teremos apenas complicações internas e uma vida sem paz. Deus quer nos ensinar a viver, a suplantar os traumas, conflitos, fracassos e toda espécie de mazela que se instala em nossas mentes e alma, a fim de que sejamos instrumentos da Sua paz e ajudemos pessoas que querem ser ajudadas pelo poder do Evangelho. O cristianismo não uma tábua de salvação para ninguém, mas deve ser um estilo de vida! |
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